Fraude no INSS expõe falhas sistêmicas e revela incoerência nas narrativas políticas
A recente descoberta de um esquema de fraudes no Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) gerou indignação e um jogo de empurra entre setores políticos, especialmente entre esquerda e direita. Enquanto alguns grupos de esquerda tentam responsabilizar o governo Bolsonaro pelo rombo, os fatos conhecidos até o momento revelam que a realidade é bem mais complexa — e que essa tentativa de politização simplista carece de lógica e seriedade.
O envolvimento de nomes ligados à esquerda, incluindo o próprio irmão do presidente Lula, fragiliza qualquer tentativa de associar o escândalo exclusivamente à gestão anterior. A operação revelou um esquema de concessões indevidas de benefícios, com participação de servidores públicos, despachantes e intermediários. Entre os beneficiados, surgem nomes que não têm qualquer ligação com o bolsonarismo — ao contrário, alguns são claramente identificados com o campo progressista. A presença do irmão de Lula entre os investigados escancara o caráter difuso do esquema e desmonta a tese de que se trataria de um plano articulado por apoiadores do ex-presidente Jair Bolsonaro para favorecer aliados.
A acusação de que o governo Bolsonaro teria armado uma fraude para beneficiar familiares e aliados de Lula beira o absurdo. Nenhuma linha de raciocínio lógico sustenta a ideia de que Bolsonaro, conhecido por seus ataques ao petismo, teria favorecido o irmão de seu maior rival político. Isso mostra que o caso vai muito além de disputas ideológicas e aponta para um problema enraizado na estrutura do Estado: a fragilidade nos mecanismos de controle e fiscalização dentro do INSS.
Cabe ao governo atual não apenas divulgar os nomes e dados envolvidos, mas garantir transparência e isenção nas investigações. É também sua responsabilidade reforçar os sistemas de fiscalização e prevenir que esquemas semelhantes se repitam no futuro. O combate à corrupção e à fraude no setor público não pode ter lado: deve atingir quem cometeu ilegalidades, seja da direita, da esquerda ou de qualquer outro campo político.